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“Cuz I Love You” (Delux)


As músicas da Lizzo (que são maravilhosas e “suculentas”), não seriam nada, se ela não estivesse ali para cantá-las e vivê-las.


Talvez nem eu e nem você estivéssemos acostumados ao ver uma mulher negra e gorda, entregar para o pop, o que Lizzo, vem entregando… Muita autenticidade! Nesse caso o pop americano, que é o que consumimos também (no meu caso, o que eu mais consumo ultimamente). Lembro que quando Adele realmente apareceu foi um estouro e sua aparência não era a “convencional” para muitos olhos, pois os padrões fugiam às “regras”, e ela fechou bocas, com sua única, incrível e potente voz. E que regras são essas, ah meus caros, as dolorosas regras também de uma antiga indústria fonográfica (em muitas das vezes de alguns produtores) que algumas gravadoras ainda se submetem em telas como “padrão”, cantoras e cantores com corpos esbeltos (para não dizer sarados) são o must.

Quando cantoras que estavam nesse holofote de corpos bonitos como Rihanna, Beyoncé e Lady Gaga, que apareceram com alguns “quilinhos a mais” em determinados períodos de suas vidas, e até mesmo atualmente, pois elas tem bastante curvas, nem o próprio peso de suas carreiras poderia sustentar as críticas realmente “pesadas” que equiparavam o “peso” com suas grandes qualidades vocais e isso ainda vem de antigos padrões de beleza. Lizzo é fiel a sua estética e não quer esconder seu corpo, e ela está mais que certa, não há o que ter vergonha, seu talento é realmente grande!


Aqui no nosso país a representatividade é bem grande atualmente, e nossos cantores não se deixam entregar as más críticas de peso, temos exemplos de poderosas vozes de grande peso que não deixam nada a desejar, como foi com Tim Maia, e é com Preta Gil, Péricles e entre outros. Eu poderia muito bem falar só da música e estaria tudo bem, mas não; falar de uma cantora gorda talentosa como a Lizzo, que tem um público internacional é importante, o que ela mostra ao seu público é sua pura e verdadeira mensagem, é fato isso, quando nesse ano ela foi há um programa matinal de auditório e fez a plateia só de mulheres levantarem e dançarem junto com ela, com o single ‘Juice’ (do álbum aqui criticado), uma música “quente” e bem pop, ou quando num reality show, ela mostra seu talento com a flauta transversal a tocando e ao mesmo tempo fazendo twerk, ou para os mais atentos a cultura pop, no ano passado um belo momento foi quando ela apreciou seu hino musical, ‘Good As Hell’, sendo o prato principal, num lip sync, quando foi jurada de um famoso reality show de uma competição de drag queens.


Melissa Viviane Jefferson ou Lizzo, é cantora, compositora e rapper, e uma outra filha de Prince (assim como Janelle Monáe), por parte dessa arte, a música.

Eu conheci o trabalho dela nesse ano, e fiquei muito ansioso por esse álbum, pois não tinha ouvido os seus trabalhos anteriores, quando ouvi ‘Juice’, foi amor à primeira vista. Após vê-la em entrevistas de pré divulgação de “Cuz I Love You”, com uma baita harmonia e disposição, foi daí que eu fiquei querendo mais e há, detalhe esse é o seu terceiro álbum e é o seu debute com um álbum de estúdio, que tem seu toque em quase tudo, ela também assina a produção do mesmo.


A faixa que abre o álbum e também dá nome a ele, ‘Cuz I Love You’ vem de uma experiência pessoal da cantora, que foi ter o coração partido; ela compôs a letra junto a Sam Harris, o vocalista da banda americana de rock alternativo X Ambassadors. É uma estrondosa e potente balada, e não há dúvidas dos alcances vocais que a cantora explora muito bem aqui. Em seguida temos ‘Like A Girl’ um rap com pop, com uma intro a la ‘Sorry Not Sorry’ de Demi Lovato; a faixa faz uma entonação na frase “like a girl… (...)” / “com uma garota… (...)”, visto que aqui a faixa se apropria do momento, onde o protagonismo feminino é forte e bem vindo, não há problema em ser igual uma garota!


Juice’ o primeiro single do álbum, tem uma pegada tropical e bem alegre do R&B, que numa engraçada letra aborda uma questão de sensualidade, onde a cantora canta que não é culpa dela ter esse “suco”. Em seguida e talvez a mais preciosa faixa deste álbum é a ‘Soulmate’ com um pouco de rap e pop, que enaltece o auto amor ou o famoso amor próprio, é válido sim ser sua própria alma gêmea, como ela entoa na música que tem uma vibe maravilhosa, com ela fazendo o rap, e deliberando os versos de pop, o refrão é poderoso e no finalzinho tem até um coro.

Com a faixa ‘Jerome’ temos um soul, com batidas precisas e a voz maravilhosa da cantora, atingindo notas altas e com o que remete a mais uma letra que fala de amor, de fundo temos a cantora trazendo a frase “don’t cry for me baby...” (“não chore por mim querido...”). Em ‘Cry Baby’ temos uma outra poderosa balada. O rap fica com a faixa ‘Tempo’, que tem uma intro de guitarra maravilhosa a lá menção honrosa a Prince; eu amei a letra onde a cantora diz que é uma grande vadia que precisa de tempo, e que se f*%@ o tempo, a lendária rapper americana Missy Elliott é a maravilhosa colaboração aqui, temos até um mix de batidas sintetizadas com batidas de bateria, é tudo muito harmonioso, as duas destróem no rap, com ares de rock. Em ‘Exactly How I Feel’ (outra favorita), Lizzo traz um pop-funk delicioso, onde na letra ela é clara de como ela se sente, ame-a ou a odeia; a faixa conta com a participação do rapper americano Gucci Mane.

Better In Color’ é outro hino de auto aceitação, amor e amor próprio, e ela é direta… “(...) black, whithe, ebony… (...)”; ou seja não importa a cor, o que importa é que haja cores, porque o amor é melhor em cores, como a cantora entoa na música, com potentes vocais e temos aqui um baita blues a la anos 60. ‘Heaven Help Me’, já uma introdução de uma faixa sonoramente animada, é um poderosa gospel, que dá espaço ao rap, e mistura é boa, Lizzo tira de letra, aqui com sua extensão vocal e como rapper e ainda com um solo da Sasha (a sua flauta) e no finalzinho e há um coro que destrói. Mais R&B, com a faixa ‘Lingerie’, que uma faixa bem sensual e calma, a cantora mostra aqui que sabe muito bem explorar sua voz, até numa tonalidade mais calma, óbvio sem largar os agudos acentuados, e tudo se resume “as primeiras vezes”.

Na parte do que compõe o “delux”, o que seriam faixas adicionais, temos a faixa ‘Boys’ um urban rap, que lembra os dos anos 80, batidas compassadas e tem até um solo de guitarra, uma mistura excêntrica e muito boa sonoramente, a cantora solta sua voz bem calma, mas é nos versos de rap que ela se solta ao falar direto aos garotos, e de como ela gosta deles e ela gosta de todos sem discriminação.


Ahhhhh eu amei essa faixa... ‘Truth Hurts’, que se fez presente em tela, ou melhor no maravilhoso longa do Netflix, “Alguém Especial”; não é só por isso, a faixa já é explícita em seu título, onde sabemos que confiar em alguém às vezes dói, ainda mais quando colocamos expectativas em cima dessa confiança ou de um relacionamento, Lizzo mais uma vez destrói nos versos de rap e ainda há um coro suave de fundo em determinados momentos da música… Essa música é estrondosa.


Tudo muda com a faixa que encerra este álbum maravilhoso; ‘Water Me’ já começa com batidas sintetizadas alegres, daí vem a cantora com sua voz em uma tonalidade calma, até ir para os versos frenéticos de rap, é outra música de ser auto suficiente e de amor próprio, ela fala de amar alguém, mas de mesmo jeito que ama o outro, e não há uma colaboração do mesmo, é preciso o deixar, é como ela canta, ela é sua própria inspiração e é livre.


Sim Lizzo é a cantora e diva pop, que precisamos, suas músicas enaltecem o amor próprio e esbanjam vida, ao falar de amor e ao mesmo tempo de ter tempo para você se curtir e ser o seu próprio protagonista. Lizzo por vezes vai na contra mão, de outras cantoras, o que ela mostra e vende, tá na sua auto estima e sua força, e tudo com um impecável sorriso, e como eu já disse, ela não deve nada e nem deixa a desejar é um álbum com músicas de empoderamento, de se divertir e de não ligar para o que os outros dizem, para que mais pop do que isso… Para os jovens adultos esse álbum é mais uma acentuação aos acontecimentos que marcam algumas fases de nossas vidas.


Nota: ★★★★★

Mais ouvidas: ‘Cuz I Love You’, ‘Juice’, ‘Soulmate’ (destruindo meus tímpanos e arregaçando o fone de ouvido), ‘Tempo’, ‘Exactly How I Feel’ e ‘Truth Hurts’.

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