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“Dirty Computer”



Deixe a vagina ter um monólogo!”. - Janelle Monáe, entoa na faixa ‘Django Jane’. Mais é em ‘Make Me Feel’ que temos o hino de libertação sexual do presente.


Janelle Monáe nos presenteia com “Dirty Computer”, seu terceiro álbum de estúdio e que também leva o seu próprio selo, o da Wondaland. E é o meu primeiro contato ouvindo um álbum dela por completo. Talvez você a mais conheça pela faixa (e seu primeiro single) ‘Tightrope’ com participação de Big Boi, para a sua estreia de álbum de estúdio (um hino musical, com um instrumental de arrepiar), o “The ArchAndroid” e da participação dela na incrível faixa ‘We Are Young’ da banda Fun, que foi um lead single para o álbum “Some Nights” da banda.


“Dirty Computer” é must do must, é pura arte, é música, um baita trabalho de Monáe. Seu gênero dominante é o neo-soul, mas isso é um detalhe, pois ela não só se arrisca, como ela destrói com o R&B, com o rock, hip-hop, funk e até o pop, mais um pop mais alternativo e de sustância… E ela os usa juntos, sem medo e daí saem suas maravilhosas músicas. Esse álbum é, e tem toda essa mistura (e mais), sem ser uma bagunça. E ao mesmo tempo ele é profundo, pois ela não tem mais Prince (que faleceu em 2016), que foi seu grande mentor; e também é uma jornada de auto libertação sexual, e de conhecimento próprio, pois ela é uma mulher negra e que está se descobrindo em quesito a sua sexualidade, se descobrindo pansexual.


A faixa título ‘Dirty Computer’ tem a colaboração do músico, Brian Wilson, para com a parte instrumental da música, e o magnífico vocal suave de Monáe. Ela sabe como colocar falas importantes, (seus protestos) em versos finalizados de hip-hop, e ao mesmo tempo ser suave numa música.

Que é expressar seus mais profundos sentimentos, através de sua arte, quanto aos tempos que vivemos e ao que ainda, os negros passam, o retrocesso que temos visto e ainda continuamos vendo na televisão, sobre o preconceito e o ódio gratuito, contra os negros, e o que era para ser a proteção (forças policiais), vem sendo os temores de um povo que os teme, pelos seus achismos e posturas autoritárias… Como podemos ouvir na faixa ‘Crazy, Classic, Life’, é como ir da água para o vinho, do R&B para o hip-hop. ‘Take A Byte’ ainda segue como uma desse conjunto de faixas mais suaves e calmas de se ouvirem, mesmo com algumas batidas sintetizadas.



Jane’s Dream’ é um interlúdio instrumental e calmo… Pois as próximas faixas são as que podemos chamar de as mais agitadas. Em ‘Screwed’ começa agitada com instrumentais, e temos um dueto suave, mais muito sexy, onde temos a participação da maravilhosa Zoë Kravitz. Essa é uma ótima combinação de vozes, nenhuma se sobressai, pois elas parecem uma só e ainda temos um pouco de Monáe mandando muito bem num verso de hip-hop ao final da canção. A letra, traz duas amigas se aventurando mundo a fora, e se divertindo; as batidas instrumentais incorporam a música, junto ao vocais delas, numa harmonia estrondosa.




Na faixa ‘Django Jane’, temos a experiência de uma poderosa rapper feminina, uma letra poderosa… Uma versão de Kendrick Lamar feminino. Temos Monáe, mais uma vez, indo direto a ferida, sendo crua e emocional com sua fala, ela nos conta praticamente sua trajetória aqui. E ela solta livremente a frase… “... Let the vagina have a monologue...”, (“... Deixe a vagina ter um monólogo...”).






Com ‘Pink’ temos algo alternativo do R&B, influências de jazz e batidas de funk, uma música suave, e temos a colaboração da musicista canadense Grimes na faixa, numa outra junção de vocais dela e de Monáe, que é suavemente harmonioso de se ouvir. A faixa é a própria frase citada acima (“... Deixe a vagina ter um monólogo...”)... É outra faixa celebrando a sexualidade e sobre a vagina.





Minha primeira experiência com este álbum foi ouvir um dos singles dele, nada mais que a minha faixa favorita do álbum, ‘Make Me Feel’... Primeiramente a ouvira na rádio aleatoriamente ano passado e vira o videoclipe mais tarde… Foi amor à primeira vista! E eu claro, a ouvi desde lá, até os dias e hoje.

O meu momento com a música foi numa viagem que fiz no ano passado a Curitiba, e no dia em especial eu estava na parada da Diversidade, que aconteceu lá e como naquele dia choveu eu e meus amigos, fizemos uma pausa na parada e fomos a uma balada local, e num certo momento tocou a música e eu claramente berrei todos os versos que eu sabia e podia, num frenético movimento de dança. Na música feita para as pista, a lá pop e dance eletrônico, temos instrumentais (como a inspiração de Prince, para a parte da guitarra), mais que presentes ao conjunto do vocal de Monáe. A faixa transmite o poder da descoberta da sexualidade, e empodera um hino do que parece ser sua libertação sexual.



Em ‘I Got The Juice’ que começa com o que parece ser um rosnado de um cachorro, vem com batidas frenéticas, temos um blues, e com influências de batidas e na letra para as raízes da família de Monáe, influências africanas. A faixa conta com a participação de Pharrell Williams e também é outra com duplo sentido, a falar da vagina.


A faixa é sensual e é do que ela se trata, sensualidade e também sexo. Com ‘I Like That’ temos uma faixa mais agitada com um coro de fundo (bem de fundo), onde é sobre quem e como Monáe é, e mais pedaços de rap na parte final da música.



Don’t Judge Me’ como ela pede no título, não a julgue.... E talvez aqui a androide não existe mais, temos apenas uma humana, falando que também erra, e que só quer se amada. ‘Stevie’s Dream’, é o Stevie Wonder... Que é um dos fãs de Monáe e obviamente essa uma faixa que também serve como interlúdio, dedicada ao mesmo, tem ele falando brevemente que o amor é Deus e proclama seus pensamentos sobre religião, bem brevemente, para as próximas faixas, as mais profundas e emocionais.


Já na faixa ‘So Afraid’, ela vai bem profundo e bem emocional ao dizer que está com medo, com medo de perder... Com medo do amor. É uma faixa bem soul, muito tocante, seu vocal suave e pontuado.

Encerrando o álbum, temos ‘Americans’ que já começa com um coro com vocais também calmo, indo para os vocais de Monáe, que é sua mensagem e discurso politizado, sobre seu país e o povo que vive nele… Em um dos trechos temos a seguinte frase… “...Just love me baby, love me for who I amFallen angels singing, “clap your hands”...”, traduzindo, “Apenas me ame baby, me ame por quem eu souAnjos caídos cantando, “batam palmas”.

Eu quero que os jovens garotos, garotas, não binários, gays, hetéros, queers que estejam passando por dificuldades para lidar com a própria sexualidade, que estejam passando por situações de ostracismo e bullying simplesmente por serem eles mesmos, únicos… que saibam que eu os compreendo.”, disse Janelle Monáe para a Rolling Stone.


Talvez esse álbum seja um ciclo se encerrando para Monáe, e ao mesmo tempo se iniciando, e o que eu quero dizer com isso? Que os álbuns “The ArchAndroid”, “The Electric Lady” e o “Dirty Computer” dela, são os álbuns que seguem uma temática… Um conceito, mostraram que ela está nessa indústria (a fonográfica), e que ainda vai continuar por muito tempo (assim esperamos)… Encerrar o ciclo dessa personagem androide, pois sabemos que ela é uma poderosa artista… E isso a torna e a faz ser uma humana. Esses álbuns, com teor androide, trazem a mensagem dela, suas letras afiadas e maravilhosas, simplificam seu conceito como artista e como pessoa se descobrindo nesse mundão.

 

Bônus… “Dirty Computer” [Emotion Picture]




Janelle Monáe criou um filme para acompanhar o álbum, que leva o mesmo nome o álbum. Como visto acima, alguns videoclipes também estão incluídos aqui, o que complete a narrativa do álbum no quesito visual. Temos a participação da atriz Tessa Thompson, dividindo cenas com Monáe. A direção é de Andrew Donoho e Chuck Lightning. Confira abaixo:





Mais ouvidas: ‘Screwed’, ‘Django Jane’, ‘Pink’, ‘Make Me Feel’ (estourada) e ‘I Got The Juice’.


Nota: ★★★★★

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