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‘Pose’


Live, work and... Pose!


A nova série do criador e produtor de “Glee”, de “American Horror Story”, de “Scream Queens”, de “American Crime Story” e “Feud”, (sim todas de) Ryan Murphy, tem sua assinatura talvez muito mais significativa, e muito mais cinematográfica para a televisão. Murphy dá a nós, telespectador, uma pequena sensação de como seria viver no final da década de 80, e experimentar a cena até então conhecida como LGBT, ou em suma da série, a cena trans e dos bailes dessa cena. Sob produção do FX, que tem a maravilhosa ‘Atlanta’, e ‘American Horror Story’ de Murphy, ‘Pose’ é o que a TV precisava, não só para cultuar a cena gay em geral, mas para mostrar como ela era, e que os gays e as transexuais negros (as), tinham um espaço e por quais motivos lutavam.


Na premissa, temos os anos 1987 em Nova Iorque, com cenário para diferentes aspectos socioeconômicos e culturais, indo ao luxo dos grandes empresários... Onde temos os personagens de Evan Peters e James Van Der Beek nesse arco, até o mundo dos bailes de cultura gay, que é o vórtice de ‘Pose’.

Os bailes que trazem categorias como modalidades, nos insere ao mundo da casa ‘Abundance’ da matriarca Elektra Abunance (Dominique Jackson), que abriga as jovens Blanca (Mj Roriguez), Angel (Indya Moore), Lulu (Hailie Sahar) e Candy (Angelica Ross)... Todas atrizes trans em papéis trans. Quem melhor que elas para dar vida a essa série?! E temos também além da moda, a dança... O jovem Damon (Ryan Jamal Swain), que é gay e “acaba” se esbarrando com uma das personagens citadas ali em cima.


Eu vou reforçar que ‘Pose’ é boa, na verdade ela é ótima, não só por mostrar esse lado que não víamos, mas também para termos mais representatividade na TV (mesmo que aqui, seja na tv americana). Não se assuste com tantas referências ao reality show de drag queens, ‘Rupaul’s Drag Race’. O que vemos no reality é o reflexo da propagação e da continuidade dessa cultura, o reality agora visto depois da série (no meu caso) entende-se que maravilhosamente se apropriou da cena gay em si (não necessariamente de toda ela), e seja ela com trans, drags e tudo que compreende com aqueles bailes, no mais um choque e um espaço para pessoas marginalizadas pela sociedade, poderem ser quem realmente são.


A estética da série está incrível, é Nova Iorque, e é perto do final dos anos 80, com o maior elenco de transgêneros já visto juntos na história da TV... Murphy acertou em cheio em mostrar essa cena de bailes e as categorias que os regem. ‘Pose’ é e tem um charme visceral, trazendo drama e comédia, sem deixar de contar histórias de luta, é simplesmente uma série brilhante, com um elenco poderosíssimo.O piloto é perfeito, Murphy teve anos de trabalho na televisão americana e no cinema sendo um incrível diretor gay (e não que ser gay, seja um condicionamento, é um reforço do que ele é), e olha que ele se sobressai nas filmagens e no afiado roteiro, o que para mim, e para quem acompanha o trabalho dele, já não é novidade, pois ele sabe muito bem mesclar os dois maiores gêneros, o drama e a comédia, claro que Steven Canals e Brad Falchuk também merecem os créditos, já que também estão envolvidos nesse espetáculo visual, que é essa série.


O piloto tem mais de uma hora, que são passadas rapidamente, os arcos dos personagens estão muito bem feitos, numa série que traz episódios procedurais (acontecimentos decorrentes a semana). Uma das melhores cenas é a da apresentação da casa Abundance participando em peso da categoria realeza, onde envolve um roubo, o frenesi do contexto da série e claro o desfecho.


Outra cena ilustre envolve o personagem Damon, participado de uma audição para entrar numa escola de dança, que é onde temos “talvez” um baita e memorável aceno ao longa “Flashdance – Em Ritmo de Embalo”, é lindo. A trilha sonora montada por Mac Quayle é sensacional... Tem até o clássico ‘It’s Raining Men’ do grupo The Weather Girls.


No sexto episódio, intitulado ‘Love Is the Message’ temos a soberba direção de Janet Mock, que é uma mulher negra transgênera, e ela divide o roteiro com Murphy, num episódio que drena nossas emoções, no primeiro ato temos as personagens de Kate Mara e Indya Moore, numa conversa onde temos uma mulher casada com filhos sendo traída pelo seu marido, com uma “ex-garota de programa” e transgênera, a conversa das duas é linda, as atuações são incríveis, a filmagem é épica; se não bastasse essa cena, depois temos os personagens de Mj Roriguez e Billy Porter, retirando uma enorme camada emocional de seus personagens, onde eles cantam num hospital para pacientes com o vírus da HIV (que se alastrava naquela época).


Quando eu citei que essa série é um dos grandes trabalhos de Murphy, e da equipe envolvida é porque a filmagem, a fotografia, os cenários, o roteiro... Tudo está incrível, precisamos dessas histórias para serem vistas na frente da televisão. É um trabalho incrível e não puxa-saquismo, é mérito por uma série visualmente deslumbrante. Uma série que trata da cena LGBT, e jovens se descobrindo, das lutas dessas pessoas, de uma doença devastadora, de sentimentos... É uma baita série, um presente para nos telespectadores.

Nota: ★★★½

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