‘Dark’
“A diferença entre passado, presente e futuro não passa de uma ilusão.”
Eu ansiava por uma série que assim como ‘Westworld’ do ano passado, que mexeu com minha cabeça (a explodindo, pelas reviravoltas), fizesse o mesmo. Pois bem a série alemã de produção com o selo do streaming Netflix, chamada ‘Dark’, foi à série que realmente eu não dava nada por ela (pelo o que eu vi no primeiro trailer não chamou muito a minha atenção, só me intrigou), e depois de uma baita indicação de uma amiga, fui assisti-la, a engolindo né, (pois no serviço de streaming em questão, a temporada completa e liberada de uma vez só) e eu só tenho elogios para com essa baita produção. Sim eu amo ficção-cientifica, com drama e suspense; é uma instigante uma baita série. Baran bo Odar e Jantje Friese criaram um sci-fi, que é densamente lindo.
Na trama de ‘Dark’ nós somos introduzimos a uma cidade chamada Winden, que tem uma pequena população. Somos levados pelo suspense quando duas crianças “misteriosamente” desaparecem, mas a trama não para por aí não! Há um assassino a solta, uma fábrica altamente química e estranha, e há também o tempo que é mocinho e vilão da trama e é sua plena construção.
Uma das coisas que eu prezo muito é o roteiro, e quando eu digo que ‘Dark’ é magnifica é a confirmação de um bom roteiro, denso de falas que respingam ácido, nos cortam literalmente e nos enchem de brilho nos olhos, dado que os atores dão um show de atuações, nota-se que os atores carregam rostos sisudos, pesados pelo ardor da trama. Outra pontuação de extrema importância é a trilha sonora de alta qualidade, tanta as músicas compostas para a série como as escolhidas (como ‘You Spin Me Round (Like a Record)’ do Dead Or Alive, que toca numa cena macabra); há uma música inebriável que me arrepiou e deu mais vida a trama, ela toca incessantemente nos episódios, pontuando acontecimentos e enfatizando pontos da trama, Ben Frost fez um incrível trabalho.
Confesso que achei o primeiro episódio muito chato e arrastado (longo), mas do meio dele até o final, ele começa a ficar bom, que é quando a trama realmente começa a caminhar. Um dos meus episódios favoritos é o terceiro episódio, intitulado “Passado e Presente”, é um episódio fenomenal, que costura a linha temporal da trama e nos dá alguns esclarecimentos sobre os personagens, quem são eles (alguns deles), é bom, pois a trama conta com famílias, então conhecemos algumas delas. Detalhe para a fotografia que é imensamente linda (não só nesse episódio, mas na série toda em geral), as tonalidades sombrias se compreende com a densa trama, que não carrega o nome ‘Dark’, de varde.
O bom da série é que ela tem seu personagem principal, que é o Jonas (interpretado por Louis Hofmann), mas a série não foca só nele, claro que é o personagem dele que está no centro da trama, os outros complementam a trama, como o Mikkel (impecavelmente interpretado por Daan Lennard Liebrenz), esses dois personagens são os principais, e os que devemos nos atentar. Nota-se que é uma série com um elenco de várias faixas etárias, temos as crianças, os adolescentes, os adultos e os da terceira idade, é um elenco incrível e ainda temos duas linhas temporais.
Um dos arcos de personagens (todos são marcantes), que eu gostei de acompanhar dentro de toda a trama, foi a da policial Charlotte (impecavelmente vivida por Karoline Eichhorn), ela é uma das mulheres fortes da trama, e que quer solucionar esse mistério, que a ronda, assim como todos os personagens da série, ela não sabe no que e em quem confiar, mas ela é o ponto interessante ao meu ver, por sua trama dentro da série.
A filmagem é muito bem feita, bo Odar dirigiu com maestria os dez episódios que sustentam essa primeira temporada. Suas técnicas de filmagens, com planos abertos, fechados e com divisão de duas cenas em um plano são um must (fazia tempo que eu não via essa técnica). Martin Behnke, Ronny Schalk e Marc O. Seng, também contribuíram para o roteiro. Como eu já citei acima, eu amo bons roteiros, e as expressões, os diálogos e as cenas sem falas, são incríveis... Eu não sei vocês, mas eu captei várias pistas e fui ligando a trama e prevendo alguns acontecimentos, mas claro ao decorrer dos episódios.
E interessante notar que ‘Dark’ é uma série internacional, e que chegou a muito de nós, através do serviço de streaming do Netflix, que fez bem em produzi-la, pois agora conta com uma boa série em seu catálogo. Agora temos que esperar pela próxima temporada, pois o final dessa primeira temporada dá um gancho para a próxima e eu serei bem franco em dizer que se a série tiver apenas três temporadas eu já estou mega contente, pois é uma série fantástica, mas que se limita a sua trama, que é um sci-fi que envolve o tempo, e ironicamente alongar o tempo de vida da série a meu ver não seria muito interessante.
Nota do editor: Uma pequena observação, para você desfrutar completamente dessa baita série, eu recomendo que você, que ainda não a viu, assista-a no áudio original (em alemão), e com legendas em português ou de sua preferencia, mas com o áudio original!