“Ctrl”
- Jonatas dos Santos Pereira
- 6 de dez. de 2017
- 6 min de leitura

SZA faz uma vibrante e pura “estreia”, sendo ela merecidamente estrondosa. “Ctrl” é muito poderoso, e é muito gostoso de ouvir. É um dos álbuns do ano!

Voltando lá em 2016, quando o “ANTI” surgiu, ao ouvir ‘Consideration’ cantada por Rihanna e participação de SZA, eu me perguntava... “Quem é essa SZA?” e ainda, me duvidava ao ouvir a música e cogitar que ela tinha só a voz de Rihanna, brincando com outros ritmos, mas eu estava completamente enganado.
Estou viciado em ‘Consideration’ e a ouço repetidamente! Mais para frente, neste ano, eu assistir aos videoclipes de ‘Love Galore’ de SZA, com participação de Travis Scott e ‘Drew Barrymore’ (um baita videoclipe). Me tomei pela potente voz da cantora e cheguei até o seu álbum de “estreia” (na verdade, ouçam “Z” e “S” , que me parecem serem os primeiros, mas não são considerados pela critica ou vendas, como o “primeiro gravado em estúdio”... É confuso, mas ok), o “Ctrl” é um baita álbum. Foi assim que eu conheci a SZA, e seu majestoso trabalho, que reforça o R&B e Soul, na voz de uma mulher negra, que é Solána Rowe!

“Ctrl” é completamente poderoso, o conceito (atende em ter como base, a vida da cantora), basicamente traz assuntos como autocontrole que a cantora teve e tem com tudo em sua vida, e mais, ainda ele fala de depressão, discriminação, perca de membros da família, de amigos, de peso; é sobre ela lidando com a religião e lidando com ela mesma... Ou seja, é um álbum autentico e muito original, que tem todo o meu respeito e os meus ouvidos. SZA é um mulherão, e a vendo hoje, você pode pensar que ela não sofreu o hoje, famigerado “bullying”, mas ela sofreu, assim como várias crianças negras sofreram e ainda sofrem.
Numa entrevista a Rolling Stone, a cantora falou de como foi ser criança, num bairro de poucos negros, com pais muçulmanos, e sobre muito mais, mas essa é uma das partes bem tocantes e fortes a sua história, onde crianças a xingaram de “vadia muçulmana”... É profundamente horrível escutar isso, mas não mais horrível do que quem ouviu e sentiu isso; ela também passou por uma fase de transgressão em sua própria casa, onde não podia assistir tv e nem ouvir rádio, na sua fase de crescimento, a música foi o que a salvou.

Sucesso... Em julho deste ano, “Ctrl” ficou em terceiro lugar no top 200 da Billboard, o álbum vendeu mais de 60.000 cópias até a data, entre cópias físicas e nos streamings, lembrando que essa marca foi atingida uma semana depois do seu lançamento do seu debut. Mas eu saliento que eu particularmente gosto mais da qualidade notável (sonora) que o álbum apresenta, do que suas vendas (que também são de extrema importância, ainda mais para um álbum de debute).
Na primeira faixa, temos ‘Supermodel’. Se você acompanha a série ‘Insecure’ deve ter notado que essa faixa aparece na trilha sonora da segunda temporada da série. Particularmente não é uma das faixas que mais me chamou a atenção, e sim a que menos despertou a atenção para ela. É uma faixa calma em suas notas e acordes, e SZA também traz uma voz bem calma e doce (que é bem notável, sua voz é deliciosa de se ouvir, um encontro do R&B com o Soul)... Suave eu diria, mas como já disse não é das melhores. ‘Love Galore’ é uma música sobre amores do séc. XXI e suas complicações com o “amor”, a música é sonoramente muito boa, as batidas mudam e são notáveis, há ainda a participação do rapper Travis Scott.

Em ‘Doves In The Wind’, ainda somos conduzidos pelo R&B e pela notória e calma participação do rap... É uma música que por não parecer ser o que é, acaba sendo sobre respeito ao órgão genital feminino, respeito às mulheres e mais ainda, para elas terem uma autovalorização, mas aí temos a participação do rapper Kendrick Lamar, que meio que joga essa mensagem quase pro lado (ou pro alto), com um suave rap em quase uma adoração ao órgão (disfarçado do que é uma mensagem as mulheres). Provavelmente ‘Drew Barrymore’ é uma das minhas faixas favoritas, não só pelo fato de eu também amar essa atriz, assim como SZA, mas porque essa música passeia pelos gêneros R&B e Soul (ambos gêneros fortes da cantora), a tonalidade e destreza nas mudanças da voz da cantora, com as batidas calmas, que seguem para um arranjo acelerado (os instrumentos de cordas são notados aqui, o que pode ser o violino) certos pontos da música me arrepiaram, ao ouvir repetidamente; a letra traz uma compreensão da cantora com seus amigos, alguém em especial e claro sobre ela e sua insegurança. Há eu amei o videoclipe em que a atriz (Drew Barrymore) faz uma breve participação e sorri para a cantora; ele tem uma pegada bem dramática e meio “sci-fi” (parte na qual uma pessoa está flutuando), mas tudo se alinha se pensarmos que no videoclipe há momentos em que a cantora e o grupo de pessoas, estão sob o uso de drogas e álcool, e que isso gere algum tipo de alucinação; a estética visual do videoclipe está incrível.

Em ‘Prom’ (quase foi outra faixa que não gostei), temos batidas que parecem sintetizadas, os vocais da cantora que mudam notavelmente são maravilhosos de se ouvir. ‘The Weekend’ é uma outra faixa calma, quase uma baladinha, com vocais e um “falso coro” maravilhoso e claro a poderosa voz da cantora se sobressaindo. Na faixa ‘Go Gina’ temos batidas notáveis de bateria no começo, essas batidas são maravilhosas, a letra é uma mensagem, onde a cantora se vê no presente e traz a tona um passado na adolescência. ‘Garden (Say It Like Dat)’ é outra faixa calma, com batidas notáveis e vocais em segundo plano que também se destacam.
A faixa ‘Broken Clocks’ é outra faixa das minhas favoritas, antes de ouvirmos a voz marcante de SZA somos introduzidos a insanos vocais calmos, notoriamente temos batidas, os vocais e a voz da cantora se encontram nessa musica insana e muito gostosa de ouvir. ‘Anything’ é a minha faixa favorita; ela traz batidas sintetizadas maravilhosas; as batidas e frase... “Do do you even know I'm alive? Do do you even know I, I…” na parte final da música, ficam cravadas como um mensagem, e ela é uma mensagem e um pedido de socorro ao mesmo tempo... “Você ainda sabe que eu estou viva?”.

Na faixa ‘Wavy (Interlude)’ temos uma fuga a regra, onde uma faixa de interlúdio costuma ter só o som instrumental, aqui ele se faz presente, mas temos a cantora, junto ao cantor e compositor James Fauntleroy (que traz sua voz insana), numa “rápida” e notaria canção.
Em ‘Normal Girl’ temos mais presença de batidas suaves, e o que parece batidas de bateria (bem notáveis), e a faixa também é mais uma das calmas, onde a cantora expressa seus sentimentos quanto a querer ser uma garota normal, onde ela mesma afirma que sabe que ela não é, isso em prol de querer esse feito, para seu companheiro talvez a notar mais. ‘Pretty Little Birds’ é de todas a faixa que eu não ouço no repite; ela é bem calma e com batidas mais calmas ainda, a voz de SZA tem entonação fortíssima na frase... “Pretty little birds… Pretty little birds… Do you mean every word you mean, every word? Pretty little girls… Pretty little girls… We hit the window a few times (the wall)…” e a música conta com a participação do rapper Isaiah Rashad.

‘20 Something’ é outra, das faixas que eu mais amo do álbum, pelos acordes, pelos vocais e pela mensagem dela; a música passa para os jovens (os famosos millennials), sobre estarem “perdidos” com suas tomadas de decisões quantos a rumos na vida, na fase de seus vinte e poucos anos. É uma baita música, onde SZA, fala em estar presa nesses anos (os vinte e poucos), ela nos avisa nos dando boa sorte com essa idade e ainda roga para que essa idade não a mate; num trecho bem calmo, ela ainda pede que Deus abençoe a todos. E mais no final temos uma conversa da cantora com sua mãe, que eu particularmente achei incrível essa inserção na música. É notável que “Ctrl” é puramente a essência de SZA lidando com suas emoções, aflições e o que lhe cerca e é um álbum incrível para se ouvir várias e várias vezes, como eu já citei ele é um dos melhores álbuns do ano.
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