“Corra!”
Um longa excepcional, do começo até o fim (e que fim). Jordan Peele faz um debute nas telonas de forma insana e inesquecível!
Quando “Corra” (“Get Out”) se fez presente com o seu trailer ficou claro dizer que era um filme de terror que veríamos... Será que era só isso? Não é bem isso que esse filme nos reserva, ele traz muito mais que esse gênero e eu particularmente amei isso, tem drama, suspense, comédia e uma baita mensagem, que o filme quer passar; o longa teve a direção e roteiro por Jordan Peele que faz sua magistral estreia nas telonas. Um jovem negro chamado Chris (interpretado excepcionalmente por Daniel Kaluuya), fica um pouco desconfortável, quando sua namorada branca, Rose (interpretada maravilhosamente por Allison Williams), o convida para ele conhecer os pais dela, também brancos (interpretados insanamente por Catherine Keener e Bradley Whitford)!
Ainda é chato falar de racismo nos dias atuais... Não, não é e nem nunca será, a história dos negros nesse planeta foi muito marcante, quanto à escravidão e várias humilhações e etc; questões de preconceito ainda hoje são recorrentes em nosso país e no mundo! Peele trouxe um roteiro fresco e sensacional, destampando uma ferida que “havia” sido esquecida (ele e muitos outros não esqueceram), e se você acha que o que eu estou escrevendo sobre preconceito, quanto aos negros é bobiça, então é porque você é um privilegiado ou realmente não nota como há preconceito nesse mundo.
Voltando para o longa, Peele nos vai dando pistas ao decorrer das cenas, se você prestar atenção você vai amar o filme, como eu amei, no começo ficamos desconcertados pelo tema dos dois jovens, um de ter um receio quanto ao que os seus “possíveis” sogros podem pensar dele (pela questão da pele dele) e sua namorada que demostra não ter esse pensamento preconceituoso que ele cita que as pessoas brancas tem... Estamos no século XXI, e ainda sim ainda é considerado por algumas pessoas, duas outras pessoas de cores diferentes namorarem, fora dos padrões... Ou seja, olha o preconceito aí. Claro que no filme essa questões não é fatídica de isso ser um tabu, quando somos apresentados em a trama, mas tudo vai se encaixando no último ato do longa.
Peele que também dirige o longa, traz cenas de planos abetos e fechados, tomadas do ponto de visão do personagem central, o que nos faz criar uma rápida empatia e tentar entender e descobrir a trama, junto com o personagem.
Outras coisas que são magistrais no filme, são a fotografia de Toby Oliver, que é hipnótica e linda, por se tratar de um filme que é de fato de suspense e com outros gêneros tem a possibilidade de ter mais cores... E a outra é a fantástica trilha sonora de Michael Abels, que é desconcertante e perfeita, as músicas instrumentais dão aquele toque perfeito ao longa.
Os planos sequências entre as conversas da mãe de Rose, Missy (Keener) e Chris são alguns dos mais desconcertantes e meio “hipnóticos”, devido ao que ela faz com o jovem, que é a hipnose... As cenas são maravilhosas, havendo a entrada para os efeitos visuais, incríveis.
Outra cena soberba é a da personagem Georgina (interpretada por Betty Gabriel, que entrega uma perfeita atuação)... Somos introduzidos no filme, pelo olhar de Chris e vamos acompanhando a trama, junto com ele, que nos guia e nos deixar a par e um pouco confusos até sabermos o que está acontecendo, o que é muito interessante já que seguimos o personagem principal e seu trajeto.
Kaluuya é um excepcional ator, e fica ainda mais claro aqui nesse longa, sua atuação deixa vidrados diante a trama, que é surpreendente a todo momento, o fato dele ser o personagem central, que vai “descobrindo” junto com o telespectador a trama, torna tudo melhor ainda; outra incrível atuação é a da Williams.
Um longa maravilhoso, com um final intrigante e maravilhoso ao mesmo tempo, com uma história contemporânea e ainda traz a questão do racismo; a direção de Peele é muito fascinante, ele consegue prender, segurar e até mesmo brincar com as emoções do público diante a trama, e é fascinante como ele brica com os gêneros, sem sair do principal (que é o suspense).
O modo como à câmera é posta diante aos vários ângulos (como em questão na cena em que Chris saí do quarto na madrugada, para fumar e de repente ele vê o jardineiro Walter interpretado por Marcus Henderson, que vem na direção dele, numa corrida), é a sua maior assinatura, ele capta muita bem esses ângulos de suspense e os transporta para a câmera.