“Em Ritmo de Fuga”
- Jonatas dos Santos Pereira
- 29 de jul. de 2017
- 3 min de leitura

“Retardado significa ser lento, ele foi lento?”. - Doc de “Em Ritmo de Fuga”. Soberbo! Um dos melhores filmes do ano sem dúvida, com incrível roteiro, direção, atuações e uma deslumbrante trilha sonora.

Um bom longa de ação pode ter músicas, comédia e ainda ser perfeito ao mesmo tempo? Pode e deve, ainda mais quando esses elementos conseguem muito bem serem enquadrados na trama e agradar, o que é o caso de “Em Ritmo de Fuga” (“Baby Driver”) de Edgar Wright. Na trama o jovem Baby (interpretado por Ansel Elgort), trabalha como piloto de fuga, para Doc (incrivelmente interpretado por Kevin Spacey) que é um “ladrão”, só que o jovem é “especial”, ele tem como aliado para sua audição e concentração, a companhia da música, ele quase sempre está ouvindo músicas; Baby se vê tomando decisões difíceis, mas que fazem parte do mundo em que ele está, que é o do crime, não por escolha dele e ainda há uma garota chamada Debora (Lily James), o interesse amoroso do jovem e mais os seus colegas malucos de “trabalho”.

O longa é uma experiência cinematográfica insana, onde Wright entrega um de seus melhores trabalhos, com referências de filmes de ação com carros (sim a saga “Velozes e Furiosos” pode se enquadrar aqui) e ainda há ares de filmes de musicais (um possível aceno a “Cantando na Chuva”), vemos isso no frenético e vidrante primeiro ato do filme, onde há um plano sequência de fuga com carros e depois um do personagem andando na cidade, cantarolando, se esbarrando e esquivando de coisas e pessoas... É visualmente belo e bárbaro, a fotografia é um primor, os ângulos são incríveis e a trilha sonora é algo sem explicação, de tão boa que foi para o filme.

Foi um roteiro bem feito, com suas previsibilidades, mas com cuidado com a trama, que em si tem vários gêneros, como o de drama, romance, ação e comédia (que são os principais). A cada ato do filme percebemos que as camadas dão aquele toque perfeito a trama, que só melhora, para um filme de mais de uma hora e meia, ele não se sente apressado e ainda há umas reviravoltas. Wright também cuidou do roteiro.

Os efeitos das perseguições são o “must” do filme, junto às músicas, o telespectador fica preso à história que é leve (claro sem levar as cenas das mortes em consideração) se mostra ser boa, é um filme que deixa te deixa animado a acompanha-lo, os cortes se casam cuidadosamente com a trama no joga de cenas espetaculares. Claro que Bill Pope tem culpa e mérito, pois sua fotografia nos prende (e o respeitamos pelos seus créditos, com “Mogli: O Menino Lobo” o live-action da Disney, “Scott Pilgrim Contra o Mundo” e a trilogia de “Matrix”, sendo alguns dos créditos) junto a incrível direção de Wright, que sabe o que quer e como pode ficar em tela.

Não tem como não citar o plano sequência incrível em que Baby, Buddy (Jon Hamm), Darling (Eiza González) e Bats (Jamie Foxx) estão juntos, indo buscar uma encomenda, a cena é explosivamente incrível, ao som da música ‘Tequila’ do The Champs... Aliás, que elenco maravilhoso, esses quatro em cena entregam performances incríveis, só que a melhor atuação é de Elgort com o papel principal, não é um personagem com muitas falas, mas com bastante expressão e criamos uma rápida empatia por Baby, pela sua história e pela sua jornada.

Não há uma só cena que agrade, há várias, é um filme que se vê com cenas boas a cada ato, que tem ação e música juntas, uma perfeita união. Steven Price trás outro “must” do filme, que é a trilha sonora, ela é maravilhosa, com rock, blues, soul, rap e outros estilos musicais, todas as músicas se encaixam magistralmente com o filme, é algo lindo mesmo de ver e ouvir.

O figurino de Courtney Hoffman também está lindo e também conversa bastante com a trama... Um plano sequência muito bom, é um do começo, quando um dos ladrões, o Griff (Jon Bernthal) fica atasanando Baby, querendo saber porque o jovem age do jeito que age; a cada óculos que Griff tira do rosto de Baby, ele coloca outro e nos indagamos... “Nossa, como assim?” (eu pelo menos sim) e rimos, pois é uma cena maravilhosa.

Espere por um dos melhores filme do ano. Foi incrível ver “Em Ritmo de Fuga”, em saber ser um filme que não estávamos esperando, mas que necessitávamos... Excepcional do começo até o fim.
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