‘Westworld’: Como a série conta a história de um jogador mascarado
Uma das séries do momento, ‘Westworld’ tem como fundo de trama um parque onde as pessoas / “convidados” (em maioria são os homens), vão para matarem (é o que fazem boa parte dos convidados) e terem relações sexuais, e podem também fazerem o que bem entenderem com os “anfitriões” do parque, que são robôs com inteligência artificial (e alguns descobrindo a autoconsciência). A série também aborda temas profundos, como quando os convidados estão no parque eles, realmente mostram-se serem quem realmente são (devido as suas regalias), ela também “é uma odisseia escura sobre a aurora da consciência artificial e da evolução do pecado”.
Depois da introdução acima sobre a série e sobre esse artigo, aconselho a quem não sabe o que é Gamergate, a ler o artigo de três partes do Adrenaline (que eu achei bem interessante e de fácil entendimento, sobre o assunto), mas fique a vontade para ler esse artigo abaixo, que eu extrai e traduzi, do Collider, a respeito da série ‘Westworld’ e o gamergate que há nela.
Conforme o Adrenaline:
“O GamerGate tornou-se algo mais sério do que discussões na Internet geralmente se tornam e rendeu ameaças contra a vida de alguns e chegou a ter algumas consequências bem negativas na vida real de outros. Ou melhor, “outras”, já que o alvo principal do GamerGate são mulheres envolvidas na indústria de games, como jogadoras e/ou desenvolvedoras.”
O trecho acima retirando como já cite, trata sobre o assunto gamergate, que vem de encontro, ao que a série ‘Westworld’ apresenta em sua trama, nos primeiros episódios, lembrando que estou trazendo esse artigo, para conhecimento e reflexão, dito isso... Boa leitura!
Lisa Joy a co-criadora da série, fez um comentário a respeito do Homem de Preto (Ed Harris) - (personagem da série), onde... “Ele está olhando para isso como apenas um jogo e ele é um jogador a nível de peritos”, disse Joy. “Assim como um médico salva-vidas, ele pode jogar Grand Theft Auto (GTA), realmente violentamente não significa que ele não pode ser um médico maravilhoso e pai fora desse mundo.”
‘Westworld’ pode ser um lugar para o 1% entrar e fazer sexo, assassinar e se aventurar-se, mas no final do dia, concentra-se em ser um jogo, portando como jogos, isso pode ser também um mundo de homens. Leve em conta que o parque seja um jogo de RPG do mundo real, partindo disso, você pode escolher tudo sobre o seu personagem, as suas roupas, suas armas, e se você será o herói ou o vilão. Você está solto lá, para fazer sua própria história, onde cada ação tomada tornara quem você é e o que escolheu ser, carregando assim o seu karma.
Esse é um jogo feito por homens, para homens. Na série, Dolores (Evan Rachel Wood), começa a sonhar para além dos limites do seu ciclo narrativo, daí Dr. Ford (Anthony Hopkins), a lembra que ela vive no sonho dele. Como anfitriãs, as mulheres podem ser como Dolores, algo para os homens resgatarem, ou devastarem da pior maneira possível. Elas podem ser como Maeve (Tandie Newton), algo para os homens a abusarem e descartarem. No caso raro, elas podem ser como Armistice (Ingrid Bolsø Berdal), uma bandida com uma tatuagem de cobra, que funciona como uma trampolim para o enredo do Homem de Preto.
Há mulheres que desaparecem no fundo. Marti (Bojana Novakovic), é um exemplo claro disso, ela é uma pistoleira que acompanhou Teddy (James Marsden), em uma “missão”, mas não retorna. Vindo para o mundo real, o gamergate foi inventado no mundo dos jogos, após Zoe Quinn, uma desenvolvedora, ter sido brutalmente perseguida e ameaçada on-line, e esse não foi o único caso de gamergate, uma busca no Google, mostrará mais histórias de mulheres que vivenciaram assédios horrorosos em suas áreas de trabalho, onde um bom dia inclui comentários como: “Isto não é lugar para uma mulher” e “vá se matar”, imagine um dia ruim! A escritora dos quadrinhos da Harpia (“Mockingbird”), Chelsea Cain recentemente foi uma vítima de gamergates. Ao se pronunciar no Twitter, sobre o assédio on-line, ela escreveu, que em parte, “os leitores de hq’s são 99% as melhores pessoas, que você sempre quis conhecer. O outros 1%, podem ser realmente malvados”.
O que pode tornar ‘Westworld’ assustador é que ela é construída para este 1%. Sim, pois eles representam o mais alto nível de riqueza, sendo a maioria dos convidados trolls enrustido. Tomamos isso como exemplo, onde no mundo real pessoas por trás das telas dos computadores expressam sua maldade. Na série o Homem de Preto pode até ser algum médico renomado da saúde filantrópica, de algum mundo exterior, mas no jogo (entenda-se “série”), quando ele está de “férias”, ele se transforma em uma pessoa diferente, na esperança de fazer ‘Westworld’ mais “divertido”. Agora indo para o mundo dos jogos, os desenvolvedores de jogos, estão indo a empurrar os limites da tecnologia 3D e da realidade virtual; podendo um Westworld não estar futuramente tão distante de nós mortais.
A personagem Elsie (Shannon Woodward), faz uma observação no 2 episódio da série, ao reparar em Maeve: “Você pode imaginar o quão fodido que seria se esses pobres idiotas sempre se lembrassem do que os convidados fazem com eles”. As vítimas de gamergates e em ‘Westworld’ não lembram o que elas suportam, mas elas tem alguns meios de defesa. Isso se dá quando elas enfrentam seus abusadores cara a cara... Em ‘Westworld’ acontece quando Maeve acorda e confronta seus “médicos”; quando ela acorda em “Contrapasso”, ela está mais composta e perigosa, porque ela tem a revelação e entende o que muitas vítimas não aceitaram: que, o que é feito com ela em uma base diária é muito confuso... Os mistérios de ‘Westworld’ estão se desenrolando, então parece que a série está se transformando numa história gamergate de vingança, ou seja, na série quem é vítima está começando a se vingar.
Com Dolores, acontece a mesma coisa (esperamos), onde ela está num “despertar”. Enquanto a orgia rola em Pariah, ela senta-se desinteressada em um sofá com seus companheiros do sexo masculino, pois novamente, isto não foi feito para o seu prazer. Quando há um caos ela e William (Jimmi Simpson), tentam escapar, são bloqueados por vários ex-soldados confederados que procuram pagamento por sua traição. Dolores sai do seu ciclo narrativo de donzela e mata todos eles (cena linda!).
“Você diz que as pessoas vêm aqui para mudar a história de suas vidas”, diz ela. “Imaginei uma história onde eu não tenho que ser a donzela.”