“Joanne”
Cadê o Pop? Lady Gaga mostra que sabe Country, em “A-YO”, nos traz uma linda e tocante “Milion Reasons”, mas “Joanne” da voltas, mesmo que busque e tente ir “bem pessoal”, se prende ao que podemos ver que a cantora vai além do que sabe, o soul é ótimo, mas e o pop, que foi e penso que seja seu forte, cadê? Foi tudo uma “Perfect Illusion”?
Se você esperou pelo próximo hit do pop, pela aprendiz dele, que roubou a cena com “Poker Face”, “Bad Romance”, “Born This Way” e “Edge of Glory” (em minha ótica das músicas dela para o pop), em “Joanne”, o quinto álbum da cantora, você provavelmente não irá encontrar esse tal “hit”, nem esse famoso “pop” ou aquela música chiclete, a não ser por “Perfect Illusion”, composta pela cantora em parceria com Mark Ronson (que produziu Amy Winehouse), Kevin Parker (Tame Impala) e BloodPop (co-produziu “Sorry”, do Justin Bieber), mas não foi um chiclete, foi uma gritaria total (uma perfeita ilusão).
Claro que “Joanne” vem muito forte com bons e vários arranjos musicais, há muito som instrumental, até que não é de todo mal e sim de todo e bom agrado (e aí que “Joanne” me ganha). Avaliando pelo que Gaga falou, que esse álbum seria “bem pessoal”, se compreende esses maravilhosos arranjos e até pode ser que ela vá à busca de um novo público, mas sou cético de que ela deixou o pop de lado (quem sabe por enquanto).
“Diamond Heart” com parceria do produtor Jeff Bhasker é a passagem da cantora ao rock, mas em meio ao caminho de um indie, mas mais uma vez ressalto a pegada forte dos arranjos instrumentais, que se fizeram bem presentes também nessa faixa. “Dancin’ In Circles” traz a parceria da cantora novamente com Ronson e Parker, e essa é uma das boas faixas.
“Sinner’s Prayer” é bem de raiz e bem tocante, nessa faixa Gaga soube usar o tom caipira, ou melhor, bem country com uma voz de começo calma e depois partindo para meio perto de notas graves. “Come to Mama” já é mais calma, mas não foge do country, sem o que esperávamos que pudesse haver, que poderiam ser mais acentuações em suas notas; “John Wayne” é bem inclinada a Gaga, dançante, e no country, é a faixa que mais pode chegar perto de batidas eletrônicas e as ter; com a faixa “Joanne”, que leva o nome do álbum e é a homenagem da cantora a sua falecida tia, tem mais da proposta country e é bem dramática e pessoal também. E pra fechar o combo coutry, temos “A-YO”, que em minhas ressalvas é uma das melhores faixas do álbum, tem a relação entre o country e o soul, e Gaga é muito boa no soul e agora no country, o que foi um casamento bom para a música!
“Million Reasons”, é outra das minhas ressalvas, ela é bem pessoal e muito boa de se ouvir, há muito o drama de Gaga presente ali, uma balada linda e densa ao uma drama pessoal de Gaga, que transparece na letra e soa maravilhosamente na melodia. Outra ressalva é a “Angel Down”, onde Gaga nos leva a um cenário de pessoas que buscam os líderes, para saírem de um caos, é há um anjo caído, ela remete a letra meio que aos dias atuais, uma bela música.
Há uma notável e grande presença da voz de Florence Welch (Florence and the Machine), em “Hey Girl” nessa parceria, que poderia ser muito boa, mas não foi... As duas poderiam ter arrasado, mas não aconteceu, pois os ritmos, as tonalidades de vozes, não se acertaram, onde na letra elas chamam as mulheres (“hey girl”) para se juntarem e serem fortes.
Pode ser bem claro que não estamos mais vendo aquela Gaga de antes (ou seja só uma fase), que a cada aparição era um desfile e semanas a fio comentários a respeito da peça de roupa usada, que se desenrolavam; mas ela ainda tem aquela presença, só esta usando do “menos é mais”! Bem no vídeo de “Perfect Illusion” não houve uma troca de figurino e cenários exorbitantes, como nos trabalhos anteriores, isso prova que a cantora vem sendo menos Lady Gaga e mais Stefani Joanne Angelina Germanotta, que é seu nome verdadeiro e de batismo. O que decepciona realmente em “Joanne” é a falta do pop, não culpo o country, nem o soul e nem a tímida presença do rock, mas Gaga meio que tentou (mais uma vez) algo novo, trazendo muito e deixando sua ousadia de letras de hits, bem de lado, o que é uma pena!
